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Registo de Memórias em Filme

Registo de Memórias em Filme

Atualmente, as câmaras de filmar são objetos de bolso disponíveis para qualquer pessoa e momento. Mas nem sempre foi assim. O registo de imagens dinâmicas em vídeo para memória futura era possível apenas com recurso a material especializado, acessível a poucas pessoas.

Em Oliveira de Azeméis um desses afortunados foi Fernando Paúl, fotógrafo de renome da cidade. A Casa-Museu Regional de Oliveira de Azeméis, possui no seu acervo uma câmara Bolex Paillard de 16mm que lhe pertenceu. A sua paixão pela fotografia levou-o a colecionar um importante espólio e registo gráfico do património cultural Oliveirense, que posteriormente foi doada à Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis pela família.

As câmaras Paillard-Bolex foram usadas para filmes de natureza, documentários e pelo cinema avant-garde (cinema experimental). Durante muito tempo, o formato 16mm, contribuiu de modo decisivo para o futuro do cinema-verdade (Cinéma vérité), isto é, reproduzir na realidade aquilo que acontece. Máquinas de filmar de portabilidade acessível, como é o caso desta Bolex.

Aquilo que me fascina quando visito a Casa-Museu Regional de Oliveira de Azeméis é o seu património, que constitui uma identidade – neste caso a oliveirense. Essa identidade captada pela lente da máquina de filmar, faz-nos recordar o passado da nossa cidade e os nossos antepassados, criando pontes para o presente. Faz-nos conhecer as nossas origens e tradições e relembra-nos como devemos evoluir no futuro.

Como as câmaras de filmar são a ferramenta que uso diariamente no meu trabalho, decidi abordar esta peça. Estas câmaras, que funcionam como instrumento de registo e de pesquisa, conseguem preservar de uma forma "verdadeira", uma realidade em curso. Com elas conseguimos fazer um regresso ao passado e consultar o registo da memória. São uma fonte imprescindível e quase única de registo cultural. São também ao mesmo tempo "armas" de comunicação. A comunicação é um fator essencial para o sucesso de uma marca ou produto, e o vídeo é uma das mais eficazes ferramentas de comunicação.

Hoje em dia, os meios de registo e de produção de imagens tornaram-se acessíveis à maioria das pessoas. Diria mesmo que hoje, para a criação do “cinema verdade”, o telemóvel seria a sua ferramenta de eleição.

Imaginei como seria juntar duas filmagens: Oliveira de Azeméis nos anos 60, quando Fernando Paúl utilizou esta câmara, e filmagens atuais captadas por telemóvel ou câmara recente. O mesmo local, com estéticas e cuidados diferentes, mas a mesma identidade. Criei então este pequeno vídeo(*) com uma diferença temporal de quase 50 anos:

 

https://www.loba.pt/blog/wp-content/uploads/2018/05/Registo-de-Memória_2.mp4

 

Em cinco décadas a tecnologia avançou mas a identidade é a mesma:  o edifício do Mercado Municipal, a procissão do Triunfo de Nª Sra. La Salette, as pessoas. O registo de memórias em filme é intemporal.

É muito mais fácil filmar hoje em dia comparativamente à década de 60. Antigamente as imagens eram a “preto e branco” e não havia captação de som e, no presente, temos imagens a cores e com maior definição, para além de ser possível captar os momentos com som – há maior percepção da realidade. E no futuro, como será?

(*)
Filmagem Oliveira de Azeméis 2010 - Procissão do Triunfo Nª Sra. La Salette (Azeméis é Vida)
Filmagem Oliveira de Azeméis 1963 - Procissão do Triunfo Nª Sra. La Salette (RTP)

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